Entrevista por Tony Fernandes
Edição e Condução: Helena Sarkolsky
Nosso entrevistado, que é um competente ilustrador, autor de HQs e designer gráfico, ex-colaborador da Revista Mundo dos Super Heróis, nos brindará respondendo uma serie de perguntas sobre a carreira dele e de uma editora de autores independentes que foi, indubitavelmente, uma das mais importantes desse país e que veio lamentavelmente a encerrar suas atividades recentemente. Estou me referindo a editora Júpiter II, da qual Manzano foi co-fundador e que já deixou saudades e um grande legado, porque revelou novos autores de quadrinhos e resgatou diversos veteranos das HQs nacionais e publicou incríveis personagens.
A seguir curtam o depoimento do grande guerreiro, que também foi um dos mentores da citada editora de HQs independentes que fez história.
O nome do fera é...
EDU MANZANO, O INTRÉPIDO!
Salve, grande, Edu. Sinta-se em casa. Bem vindo. Quando você aceitou dar essa entrevista fiquei muito feliz, pois há tempos vinha acompanhando o belo trabalho feito por você e o valoroso guerreiro e bengala brother Jose Salles, através da editora Júpiter II.
Sempre tive a curiosidade de saber mais sobre vocês... e esta será uma ótima oportunidade, de todos nós, que nos dedicamos a criar e a desenvolver HQs, saber mais sobre o incrível e corajoso trabalho que vocês realizaram e que, infelizmente, findou.
Bem, mas vamos as perguntas básicas iniciais,como é de praxe...
Qual é o seu nome de batismo, Edu?
EDU MANZANO: Eduardo Manzano.
Em que dia, mês, ano e estado você nasceu?EDU MANZANO:Filho de Italianos, nasci em São Paulo, mesmo em 12/04/1982.
Você é como eu, paulistano (quem nasce na capital é paulistano, paulista é quem nasce no interior de S. Paulo), somos raridade nesta cidade... Rssss. Você tem alguma formação acadêmica? Estudou arte ou é autoditada?EDU MANZANO:: Sou formado em Design Gráfico pelo Senac, mas muito do que aprendi no mundo das artes e dos quadrinhos foi vivenciando no dia a dia, pondo a mão na massa mesmo!
O Senac é muito bem conceituado, tem cursos profissionalizantes excelentes, mas sem dúvida a melhor escola é a pratica e a convivência com outros profissionais...
Com que idade você decidiu que deveria entrar para o mundo editorial? E, por que tomou essa decisão? O que o motivou?EDU MANZANO: Eu sabia que queria trabalhar com desenho desde cedo, mas na época que comecei, as tecnologias ainda engatinhavam. Bati em muita porta de editora com pastinha debaixo do braço, a primeira editora que me ofereceu um emprego fixo foi a Editora do Brasil em sua linha de livros didáticos.
Editora do Brasil... conheço bem, pois já fiz um trabalho para eles, no tempo do Ricardo Borges...
Como surgiu a primeira oportunidade de publicar um trabalho seu e em que ano isso aconteceu? Teve que ralar muito para conquistar seu espaço? Ou foi fácil?EDU MANZANO: Na verdade eu surgi mesmo no Boom dos quadrinhos alternativos do inicio dos anos 90, época da efervescência dos fanzines, publiquei meus primeiros trabalhos neste meio e o primeiro trabalho pago foi uma charge para o jornal Metro News.
Para quem não é da cidade de São Paulo, saiba que o Metro News é um tablóide de expressiva tiragem distribuído gratuitamente nas estações do metro. Foi o primeiro jornal desse tipo. Antes de enveredar pelo setor editorial,você exerceu outras profissões?EDU MANZANO: Já trabalhei em livrarias, quer dizer estava sempre perto da cena do crime! Rsrsrsrsr!
Na verdade isso foi importantíssimo para que eu entendesse como funciona definitivamente, o mercado editorial, o dia a dia com o consumidor final.
Mas, que verdade seja dita, muito artista no Brasil reclama mas não leva a sério a profissão, se compromete a fazer as coisas e não faz. Quando vê trabalho grande pela frente tem medo, fica com preguiça de prazos e responsabilidade. Eu sou ao contrário, se precisar, varo noites num projeto, por isso sempre trabalhei mais sozinho, mas adoraria fazer mais parcerias!
Que tipo de cliente você atende? Apenas editoras, ou também colabora com jornais, agências de publicidade e empresas em geral?EDU MANZANO: Meu principal ganha pão na verdade, há anos e até hoje em dia, está no mercado
publicitário e de bandas musicais. Eu tocava em bandas de Heavy Metal e naturalmente comecei a ilustrar material para capas de CDs e Merchandising, com o crescimento do estilo o meu trabalho ficou conhecido lá fora e hoje trabalho diretamente com bandas e gravadoras. Também trabalhei muitos anos para Eliphas Andreato e sua agência, através de quem conheci Tom Zé que me chamou para ilustrar o encarte de seu CD “ Jogos de Armar “ este trabalho alavancou minha carreira de ilustrador sobretudo lá fora onde Tom Zé possui uma legião muito grande de fãs.
Arte de Edu Maznano © para banda Darkness in Flames
Mais um músico... legal. Achei muito legal saber que você começou fazendo capas de CDs para as bandas e aí quando fez a cada do genial Tom Zé seu trabalho repercutiu no exterior. Parabéns, Edu, adorei as artes que fez para as bandas. Muito loucas! Grande imaginação! Show de bola! Que tipo de material você usa para executar seus trabalhos artísticos? Quais são suas principais ferramentas de trabalho?EDU MANZANO: De tudo, mas não substituo o trabalho manual pelo digital, uso o computador apenas para transpor minha arte para a plataforma digital, para trabalhos publicitários e encartes de CDs uso mais estas ferramentas, mas eu ainda vejo a arte como algo artesanal, preciso dessa interação direta entre eu, o lápis e o papel, e eu também pinto.
Você desenha e escreve HQs. Quais personagens você já criou e publicou?EDU MANZANO: Isso há muitos anos, publiquei muita coisa lá fora e aqui, charges em jornais diários, dos personagens fixos que criei, como: Máscara Noturna! Esse personagem quem criou o visual fui eu em parceria com o Salles, que fez os roteiros. Tenho muito orgulho do que conseguimos com ele, pois até hoje ele é considerado o personagem mais polêmico da HQ brasileira!
O Tormenta também, foi criado por mim e teve 7 revistas lançadas.
O Universo da Alameda da Saudade que foi indicado ao troféu HQ Mix e ao Angelo Agostini em breve será publicado na França pela Edition Métailié... estou fechando os últimos detalhes do acordo
com eles e espero que tudo esteja certo até fevereiro de 2016. Sempre considerei Alameda da Saudade um trabalho subestimado, no Brasil, quem sabe agora lá fora tenha seu devido valor reconhecido.
Com foi que você conheceu o José Salles? Em que ano isso ocorreu?EDU MANZANO:Salles sempre foi um grande escritor, eu conheci ele na época em que fundou sua loja, por volta de 97/98, a extinta Cultura Pop, aqui em São Paulo. Adaptei para HQs alguns contos dele e foi através desses trabalhos que nossa amizade cresceu até o ponto em que surgiu a editora Júpiter II.
Foi algo natural, assim como o fato de nos tornarmos grandes amigos pessoais.
Junto a outros artistas e ativistas da cena como Marcatti, Laerçon Santos, Laudo Ferreira, Omar Vinole, Marcelo Kaskadura, Jose Nogueira, e tantos outros formávamos um núclro forte de produção em São Paulo.
Essa eu não sabia... o cara tinha uma loja de revistas, como o Carlos Mann, que teve banca e depois loja (a famosa Comix)... legal. Como surgiu a ideia de criar uma editora para lançar apenas HQs independentes?EDU MANZANO: O Salles já queria desenvolver algo assim no final dos anos 90, por que observávamos a quantidade de boas HQs de autores que não tinham espaço no mercado e também foi uma forma de colocarmos nossos trabalhos no mercado. Foi uma época de muito preconceito contra nós, hoje o mercado é mais aberto.
Máscara Noturna, o Carro-chefe da Júpiter 2 |
Editora Júpiter2, de quem foi a ideia de adotar esse nome? Por que escolheram esse nome Júpiter II? Em homenagem a antiga editora Júpiter, suponho...EDU MANZANO: Por causa da amizade de Salles com Gedeone Malagola, que no passado possuiu um selo de quadrinhos chamado Júpiter, então após o falecimento de Gedeone foi a forma de Salles homenageá-lo. Eu achava que precisávamos de um nome mais forte, mas enfim foi este que ficou!
De fato, nosso querido e saudoso professor Gedeone Malagola (criador de super-heróis como Raio Negro, Hydroman e Homem Lua, além de inúmeras histórias de terror etc) foi sócio da editora Júpiter.
A ideia inicial de vocês era: Publicar os independentes e faturar com isso? Ou apenas fomentar a produção de HQs nacionais, sem visar lucro?EDU MANZANO: Ótima pergunta... para ser sincero esse foi um ponto de discordância entre eu e o Salles, quando fundamos a editora em 2005.
E achei que o Salles fosse fazer a editora para que ela se auto sustentasse e que iríamos fazer uma
seleção de títulos fortes para que isso se tornasse uma realidade...
Veja... a Júpiter 2 foi pioneira, deu espaço para muitos artistas. Títulos como Máscara Noturna, Tormenta, O Gaúcho e Raio Negro foram bem sucedidos e tinham ótima aceitação, ganhando leitores em todo o Brasil, mas ao mesmo tempo Salles insistiu em publicar coisas ainda amadoras e que não tinham uma continuidade e nisso havia um ponto de discordância entre nós pois, de repente, tínhamos 30 títulos, e eu achava que poderíamos concentrar fogo em apenas 4 ou 5 títulos para trabalharmos e divulga-los melhor. Mas num ponto eu concordava com ele, era preferível apostar em título bons de autores iniciantes do que colocar mais enlatado porcaria no mercado.
Mas a editora em si era do Salles, assim como todo o controle financeiro da coisa, ele tinha uma idéia clara do tipo de personagem que queria e história, inclusive no visual ... então eu funcionei mais como um consultor editorial. Perceba, eu não estou falando mal, afinal Salles sempre possuiu um coração enorme e queria dar espaço a todos que tocavam seu coração.
Mas infelizmente para uma editora, mesmo que independente, isso não funciona. Assim eu me afastei dos trabalhos na editora e o Salles os manteve até pouco tempo quando decidiu parar com as publicações.
Para selecionar o material dos autores, qual era o critério que vocês adotavam?EDU MANZANO: A princípio a idéia foi divulgar nossos próprios trabalhos e resgatar material que era importante para a HQ brasileira e que havia sido esquecido como O Gaúcho, de Júlio Shimamoto, e Raio Negro, de Gedeone Malagola, Obras de Elmano Silva; sempre publicamos aquilo que achávamos que tinha conteúdo, autores que nos inspirassem e que a médio ou longo prazo dessem um retorno.
José Salles em mais um dia do Gibi Grátis, em seu trabalho em prol das crianças em Jaú.
A Júpiter publicou 200 títulos e Setenta mil revistas! De fato, um número incrível, principalmente para uma editora independente... Acredito que você teve importante papel em todo este processo?
EDU MANZANO: Como disse eu era o principal conselheiro e idealizador visual por assim dizer, a parte da divulgação e o marketing via internet era feito por mim também, como dizia o Salles a editora era uma ação entre amigos, nós e os autores que publicávamos.
Heróis da Júpiter 2 - Arte de Allan Goldman.
Raras são as editoras que surgiram fora do eixo Rio\São Paulo, até em virtude da logística.
Vocês estavam sediados na cidade de Jaú, no interior de S. Paulo, correto? Por que escolheram esta cidade?EDU MANZANO: Na verdade começamos em São Paulo como SM Editora e depois com a mudança de Salles para Jaú lá ficou sendo sua sede.
Raio Negro… vamos falar sobre esse super-herói nacional famoso, que foi a criação-mór do meu saudoso e querido bengala brother professor Gedeone Malagola... de quem foi a ideia de ressuscitar esse super-herói que marcou época? Conta aí como tudo aconteceu... achei a idéia genial!EDU MANZANO:Foi do Salles, depois que ele começou a manter contato e se tornou amigo pessoal de Gedeone e da família.
Depois de saber que ainda havia aventuras inéditas tanto do Raio Negro quanto do Homem-Lua e
Hydroman, Salles propôs ao Gedeone relançar todo seu material - é importante salientar que a única pessoa que a família Malagola permitiu que publicasse o material do Gedeone foi o Salles, que fez um digno e magnífico trabalho.
Nós que conhecemos o Gedeone pessoalmente podemos dizer que este grande autor partiu feliz.
Arte de Edu Manzano para o Máscara Noturna |
Vocês conseguiram publicar trabalhos feitos por gente da nova geração muito talentosa e de grandes mestres veteranos das HQs como o grande mestre Adalto Silva, sou fã do trabalho deste cidadão... como é que vocês conseguiram reunir tanta gente boa?
EDU MANZANO: Apesar de muita gente ignorar nosso trabalho, aos poucos fomos conseguindo admiradores e pessoas que ajudaram na divulgação de nosso trabalho em jornais, revistas e sites... isso chamou a atenção de artistas talentosos e mesmo aqueles que já gostavam do meu trabalho e do Salles individualmente.
De repente, estávamos recebendo cartas e emails de todo o Brasil! Matérias em revistas, foi uma honra para nós poder trabalhar com tanta gente talentosa. Para mim, em particular, Antonio Menezes foi um dos meus mestres!
Dos artistas que publicamos e ou descobrimos gosto muito de Francinildo Sena, Wellington Santos, Gonçalez Leandro, Gabriel Rocha, e tantos outros talentos!
Veredicto o herói de Edu Manzano |
Realmente, a editora Júpiter II passou a ser muito comentada por profissionais da área e por gente que estava começando e sonhava em ver seu trabalho publicado...
vocês surgiram numa época em que as HQs nacionais em banca praticamente tinham sumido, exceto A Turma da Mônica... a Júpiter foi um grande acontecimento, ninguém pode negar...
vocês fizeram um grande trabalho. Como vocês conheceram o Elias, outro veterano do mundo dos quadrinhos?EDU MANZANO: Obrigado, Uma geração cresceu vendo e se influenciando com nosso trabalho. Ailton Elias foi mais um veterano autor que engrossou nossas fileiras graças ao Salles, que o conheceu pessoalmente em algum momento, que não me lembro, mas de fato foimais um material que merecia muito ser divulgado!
Ed Oliver embaixo à direita fez parte da premiada equipe da Revista Mundo dos Super Heróis. |
Publicamos muitos títulos diferentes. Entre eles os que venderam mais foram:
Máscara Noturna, Tormenta, Gaúcho, Raio Negro. Além desses, também foram bem o Chico Spencer, O Bom e Velho Faroeste e o Capitão Mac Namara. Nós nos tornamos a editora que mais publicou autores e super-heróis nacionais no Brasil. Dentre estes estavam Meteoro, Velta, Crânio, Lagarto Negro, Vulto Negro, Corcel Negro, e tantos outros!
Títulos como Raio Negro, Máscara Noturna, Tormenta, sempre venderam bem, até mais do que esperávamos se você for considerar que não tínhamos estrutura de uma editora grande.
A forma de comercialização... vamos falar sobre isso, que é um fator importante... vocês só vendiam pela Internet, ou também distribuíam em bancas de jornais?EDU MANZANO: Em todos os lugares possíveis em que conseguíamos expor nossos produtos.
Deu para ganhar dinheiro publicando HQs independentes? Ou só deu para empatar?EDU MANZANO: Dava para continuar investindo em mais impressões e pagar os artistas, por que você deve imaginar o quanto se gastava em gráfica e correios.
De quem foi a decisão de encerrar as atividadesdessa casa editorial que marcou época e uma geração? E, o que os levou a isso?EDU MANZANO: Salles resolveu parar com as atividades por que também se viu descontente com os atuais rumos do mercado editorial no Brasil. Eu já havia me afastado antes por que em certo momento eu também não estava mais dando 100% de mim em nossos trabalhos e queria me concentrar em outras atividades que estava desenvolvendo.
Nesta mesma época eu era colaborador da revista Mundo dos Super Heróis, e chefiava uma equipe de ilustradores para livros didáticos na agência de Eliphas Andreato. Salles ainda continua vendendo as edições que há em estoque.
José Salles à direita junto ao mestre José Menezes. |
Que Deus lhe ouça. Precisamos de mais gente intrépida como ele e você. Admiro muito gente corajosa como vocês que, como outros, investem num setor que sempre foi instável. Digo isso, porque sei que não é fácil ser editor num país subdesenvolvido, mesmo trabalhando com grandes tiragens e distribuição nacional – por experiência própria e por estar ciente de que HQs nunca foram um tipo de publicação sustentável, com raras exceções, é óbvio.
Repito... você e o Salles foram verdadeiros heróis, de carne e osso, e não de papel... parabéns!EDU MANZANO: Obrigado pelas palavras amigo, mas acho que no fundo Salles e eu fizemos aquilo que muitos não têm coragem, colocar a mão na massa.
Uma das coisas que aprendemos com isso por incrível que pareça é que para o grande publico mesmo não há preconceito para as HQs nacionais.
Os caras que compravam um título como Tormenta, por exemplo, não queriam saber se era um herói nacional ou americano, queriam ler a HQ por que era boa. Ainda hoje recebo emails e palavras nas redes sociais de pessoas que dizem que passaram a desenhar quadrinhos porque foram incentivadas
pelo nosso trabalho, pelos nossos personagens.
Acho que no fim das contas esse foi nosso maior pagamento, uma geração cresceu inspirada em nossa luta!
Ed Oliver e Mike Deodato |
Sem a Júpiter II, muitos autores ficarão a ver navios e as HQs Made in Brazil perdem o pouco espaço que tinham, infelizmente... você também acha que a grande maioria dos leitores de gibis – fãs de super-heróis importados, de fato, não curtem HQs nacionais?EDU MANZANO: Como eu disse na questão anterior isso é mentira. Digo aos caras que estão começando: “ Não vão atrás de fóruns e grupos que falam mal de títulos nacionais!”.
Primeiro, porque o cara nunca produziu nada e portanto não tem conhecimento, nem sabe como funciona o mercado e a cabeça da maioria dos leitores.
Faça o seu melhor. Você vê trabalhos como Necronauta, Penitente, Meteoro, Cometa, Resistente, Crânio, Invictos, veja aí os Guerreiros da Tempestade, do amigo Anísio Serrazul, personagens que poderão virar uma animação de grande vulto! Trabalhos seminais e que provam a qualidade do autor brasileiro!
Eterna outra personagem ainda inédita de Edu Manzano |
Você, se pudesse, faria tudo outra vez?EDU MANZANO: Com certeza, valeu a pena incentivar uma geração de artistas e ser reconhecido por uma geração de leitores, sobretudo os amigos e as experiências que troquei foram tesouros que levarei comigo o resto da vida, a amizade de Salles e seu companheirismo para comigo também me marcaram muito!
Como você se autodefine? EDU MANZANO: Um idealista, um criador compulsivo.
O relacionamento com o ex-parceiro, José Salles, continua o mesmo? Pretendem realizar outras empreitadas desse tipo, juntos?EDU MANZANO: Mantemos contato regularmente, Salles é um irmão distante, quem sabe de uma
hora para outra não retornamos juntos com uma nova loucura?
Atualmente, você está empenhado em algum projeto pessoal? Planos para o futuro?
EDU MANZANO: Atualmente sou Co-Editor da Universo Editora, Além disso estou desenvolvendo algumas coisas com meu novo personagem o Veredicto: http://veredictoquadrinhos.blogspot.com.br/
Quadrinhos on line podem ser uma boa opção, para as HQs tupiniquins?EDU MANZANO: Com certeza! No Japão por exemplo, a realidade dos quadrinhos digitais já está presente e há um grande mercado!
Os japoneses estão adiantados mil anos-luz da gente. Mauricio de Sousa e a Turma da Mônica, eles fazem sucesso atualmente no Brasil e no mundo. EDU MANZANO: Eu acho que ao tomar conhecimento do sistema de trabalho e produção de autores como Disney e Torayama, Mauricio viu como deveria administrar melhor seu negócio e expandi-lo.
Sem dúvida ele é um exemplo a ser seguido e alguém que admiro muito!
Edu, foi um prazer inenarrável poder trocar idéias com você, saber mais sobre sua carreira e sobre o incrível trabalho que você e o Salles realizaram!
Em nome de todos os autores de HQs desse país e em nome de muitos leitores que curtem gibis,
só me resta, agradecer a você e ao Salles, por terem criado corajosamente a Júpiter II, uma editora que, sem dúvida, fez história, porque contribuiu de forma marcante para a sobrevivência das HQs nacionais, que se fosse depender dos chamados “Editores profissionais” teriam sucumbido há anos.
Vocês são heróis deixando um legado incrível.EDU MANZANO: Agradeço imensamente o espaço e a oportunidade de contar um pouco de nossa história! E vamos continuar queimando os grafites!
© Os direitos autorais das imagens contidas aqui são dos seus autores ou representantes legais e têm o cunho meramente ilustrativo.
Edição:
Helena Sarkolski é Editora, Escritora e crítica de Quadrinhos.
Excelente entrevista. Saio dela muita feliz e orgulhoso por conhecer um pouco mais sobre meu amigo Ed Oliver. Parabéns, Helena! Edição legal.
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