06 julho 2017

A Volta de Dylan Dog às Livrarias Brasileiras



Além dos quadrinhos europeus da Mythos, outra que vai trazer HQ de qualidade ao leitor brasileiro é a editora Lorentz.
O personagem italiano Dylan Dog, também conhecido como o Investigador do Pesadelo, completou 30 anos de publicação em 2016. É o maior fenômeno editorial dos quadrinhos italianos nos últimos anos. Criado pelo roteirista Tiziano Sclavi para o Estúdio Bonelli, o personagem é um ex-policial da Scotland Yard que se livrou do distintivo e do álcool para investigar casos sobrenaturais por conta e risco próprios. Suas aventuras mesclam todo tipo de gêneros: thrillers a la Poe, terror, zumbis, viagens espaciais, interdimensionais, viagem no tempo, assassinatos, monstros, romance… Há vários gêneros presentes, sendo nada fácil colocar um como “o” mais importante, as narrativas e os temas se cruzam de uma forma, que não encontramos fronteiras, moldando um amalgama que é esse HQ de crime-suspense-mistério.



Apesar do sucesso de crítica e os elogios de suas histórias, os títulos publicados pela Record (1991), pela Conrad (2001) e pela Mythos (2002) foram cancelados. E após 11 anos de crepúsculo editorial, sem nenhuma menção para uma série até premiada e que deixou muitos fãs, Dylan Dog retorna com uma aventura simbólica para o momento, Retorno ao Crepúsculo (Ritorno al Crepuscolo, 1991), pela Lorentz, em um título trimestral.

A editora gaúcha traz uma edição caprichada, no melhor estilo italiano, formato 15,6 x 21 cm), com capa plastificada, miolo em papel branco e preço acessível. Com tradução de Julio Schneider, um pesquisador das HQs bonellianas, também colabora com dois artigos sobre o personagem. Fiquei muito feliz com essa edição, a primeira que tenho do personagem e tinha que fazer um artigo aqui no Ambrosia.

A narrativa do fumetti é bastante onírica, particularmente perturbadora e alucinante. Publicada originalmente em 1991, na Dylan Dog nº51, escrita pelo próprio criador na fase inicial de construção do personagem. Ambientado na cidade de Invenary, em algum lugar do interior da Inglaterra, uma cidade aparentemente normal, se não fosse uma peculiaridade, fica na Zona do Crepúsculo, um local onde seus habitantes acordam todas as manhãs e revivem os mesmos eventos, fazendo os mesmos gestos e diálogos, vivendo um eterno dia congelado por um impossível Perpetual Motion Machine, paradoxo termodinâmico que produz rotina sem dissipar energia.

Quem lembra do filme “Feitiço do Tempo” (Groundhog Day, 1993) onde Bill Murray interpretava um repórter cínico e aborrecido, que misteriosamente ficou preso em um loop espaço-tempo, onde tinha que reviver o mesmo dia por todo o sempre… É o que acontece em Invenary, apresentada pela primeira vez na edição 7 (La Zona del Crepuscolo, 1987).

Dylan retorna a contragosto ao lugar para ajudar uma mulher misteriosa e uma série de eventos sobrenaturais ocorrem levando-o a uma situação de terror sem igual. Uma história macabra que me apresentou um tema de terror que não conhecia, o mesmerismo, uma maneira de viver sem que a morte lhe alcançar. Sclavi brinca com o leitor, desafiando a todo momento o leitor a compreender o que está ocorrendo com seu personagem, além de fazer de sua história uma critica a sociedade capitalista numa reflexão social ímpar. Aos leitores incautos, a leitura exige bastante atenção, qualquer lapso, você perde o fio da meada.

Giuseppe Montanari e Ernesto Grassani ambientando o terror gráfico, desenvolvem uma arte que utiliza do cenário de névoas para compor suas ilustrações. Os quadros seguem o estilo em trio, típico das edições bonelli,só mudando em casos de cenas importantes para a narrativa. Outro acerto da dupla é a maneira que constroem os corpos dos personagens, em especial, aqueles que entram em decomposição, além do uso de sombras e do Chiaroscuro para as diversas cenas. Pecam nas expressões faciais, mas não chegam a comprometer todo o trabalho gráfico. O capista Angelo Stano é o cara, maravilhoso.

por: Ed Oliver

fonte: Press Realease da Editora Lorentz

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